terça-feira, 9 de março de 2010

Fórum promovido pela Fiocruz Minas discute a violência contra a mulher no âmbito da saúde

O Centro de Pesquisa René Rachou (CPqRR/Fiocruz Minas) reunirá nestas quarta e quinta-feiras (10 e 11/3), em Belo Horizonte, pesquisadores que estudam a violência contra a mulher e ainda gestores do Sistema Único de Saúde (SUS), profissionais de saúde e estudantes interessados no tema. A ideia é reunir os atores sociais e políticos que atuam no modelo implantado tanto na saúde como em assistência social, para o atendimento às mulheres que sofrem violência em Minas Gerais.


Para a abertura do evento foi convidada Carmen Simone Diniz, da Faculdade de Saúde Pública da USP. Impedida de comparecer, a professora autorizou a divulgação de seu estudo historiando o papel dos movimentos feministas e de mulheres na entrada da Organização Mundial de Saúde (OMS) e na orientação do atendimento às mulheres em situação de violência nas redes públicas de saúde em todo o mundo. Em nome do CPqRR, a especialista em políticas públicas de gênero Elizabeth Fleury, que coordena o Fórum, fará um resumo da conceituação teórica da violência de gênero. A violência doméstica em geral, que produz muitos impactos negativos na saúde das mulheres.


A ausência da saúde coletiva no enfrentamento da violência doméstica é um tema que se espera que seja bastante debatido no Fórum. “Esse tema merecerá muito debate, já que o Plano de Saúde da Família, o PSF, tem um entendimento de que a questão da violência doméstica é complexo e sobre o qual os profissionais de saúde que visitam as famílias no âmbito das práticas do PSF não devem ter ingerência se envolvendo na segurança daquela família vítima de violência por parte do chefe da família”, comenta Elizabeth.

E completa: “Há a expectativa de que este tema seja trazido para discussão. É uma questão de caráter ético e técnico. Se a mulher é tratada como objeto pelo companheiro violento, pela saúde pública ela é tratada como sujeito, na medida em que deixam à iniciativa somente do indivíduo que sofre o problema toda a responsabilidade sobre a decisão de quando e como denunciar o problema, e buscar ajuda. Não há uma discussão a ser feita aí? Este é um tema ainda em aberto na opinião de muitos especialistas com quem se discute a questão”, diz Fleury.

O fórum está sendo organizado como resposta à demanda formulada pelo Conselho Estadual da Mulher. Verificou-se que não há estudos epidemiológicos sobre a incidência de casos de violência praticados contra as mulheres em Minas. Na ausência de dados básicos, dificilmente se consegue planejar políticas públicas eficazes para lidar com o problema.